sexta-feira, 29 de novembro de 2013
A difícil arte de conhecer-se.
“Considerem: Uma árvore boa dá fruto bom, e uma árvore ruim dá fruto ruim, pois uma árvore é conhecida por seu fruto. Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois a boca fala do eu está cheio o coração. O homem bom tira coisas boas, e o homem mau do seu mau tesouro tira coisas más. Mas eu lhes digo, que no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado. Pois por suas palavras vocês serão absolvidos, e por suas palavras serão condenados.” Mateus 12.33-37.
Quem sou eu? Essa parece ser uma pergunta simples, mas dificílima de ser respondida. Como saber exatamente o que somos?
Nisto constituiu-se a mais nobre tarefa dos filósofos gregos: “Conhece-te a ti mesmo”, era a máxima que orientava todo o pensamento helênico. Como discernir corretamente porque fazemos o que fazemos, porque agimos como agimos, porque somos assim do jeito que somos?
A sabedoria bíblica também considera que conhecer-se a si mesmo é mais nobre, e mais difícil, que se tornar um referencial de uma geração. Salomão listou alguns adágios de seus dias, para mostrar a importância do conhecimento próprio:
Melhor é o longânimo do que o herói da guerra, e o que domina o seu espírito do que o que toma uma cidade. Prov. 16.32.
O texto que o sábio Eclesiastes referiu-se contém uma profundidade impressionante, porque mostra a sabedoria como uma força importante:
“Também vi debaixo do sol este exemplo de sabedoria que muito me impressionou: Havia uma pequena cidade, de poucos habitantes. Um rei poderoso veio contra ela, cercou-a com muitos dispositivos de guerra. Ora, naquela cidade vivia um homem pobre, mas sábio, e com sua sabedoria ele salvou a cidade. No entanto, ninguém se lembrou mais daquele pobre. Por isso pensei: Embora a sabedoria seja melhor do que a força, a sabedoria do pobre é desprezada, e logo suas palavras esquecidas. As palavras dos sábios, devem ser ouvidas com mais atenção do que os gritos de quem domina tolos. A sabedoria é melhor do eu as armas de guerra.. “ Eclesiastes 9.13-18.
A verdadeira sabedoria começa com o conhecimento próprio. Considerando que estejam corretos
Provérbios 27.19: “Como na água o rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem ao homem.”
Provérbios. 23.7: “Porque assim como imagina na sua alma, assim ele é”.
Pode-se afirmar que cada um é o produto integral de todos os fatores que compõem sua existência. Lya Luft declarou que:
“A infância é o chão sobre o qual caminharemos o resto de nossos dias. Se for esburacado demais vamos tropeçar mais, cair com mais facilidade e quebrar a cara… Por isso precisei abrir em mim um espaço onde abrigar as coisas positivas, e desejei que fosse maior do que o local onde inevitavelmente eu armazenaria as ruins”.[1]
Somos o produto do DNA que herdamos dos nossos pais; das alegrias e traumas de nossa infância; dos amigos que conhecemos; dos lugares que freqüentamos, dos traumas que sofremos, das alegrias que provamos; enfim, das experiências que se somaram na trajetória de nossa vida. Entretanto, mesmo com esse conhecimento, parece que ainda perdura a sede de saber quem somos de verdade.
Jesus abordou essa questão, quando precisou confrontar a elite religiosa de seus dias. Os fariseus, aliados a casa sacerdotal de Caifás, tentavam rotulá-lo de herege da pior espécie. Chegaram a sugerir que ele estivesse aliado a um deus medonho, sujo e asqueroso: Belzebu. Nesse clima, ele ensinou como alguém podia conhecer sua própria realidade.
Primeiramente ele afirma no versículo 33 que somos o que geramos; nossa identidade é firmada naquilo que produzimos ou no que deixamos como legado. Por onde passo, vou semeando um pouco do que sou.
Em segundo lugar, ele mostra, no versículo 34, que a integridade de cada pessoa é definida por sua coerência entre o que é e o que aparenta ser. Hipocrisia é conviver pacificamente com o contra-senso de ser mau e dizer coisas boas.
Reputação é o que cada pessoa se mostra diante do próximo, caráter é o que se mostra diante do olhar onisciente de Deus. Portanto, pode-se definir honestidade como a coerência entre a vida vivida e as afirmações propagandeadas. Também, define-se integridade como o preço pago para se viver com coerência. Integridade que não requer um custo, tem virtude.
Só é íntegro quem for capaz de oferecer: perdão ao inimigo; tolerância ao opositor; solidariedade ao amigo; exemplo ao filho; reverência ao pai; respeito a si mesmo; e sua totalidade a Deus.
Jesus ainda ensinou, na última parte do versículo 34, que a realidade de cada um sempre se impõe e que não adianta querer viver dissimuladamente. A qualquer momento, quando se está desapercebido o que cada pessoa é sobe à tona. Atos falhos acabarão denunciando. A boca falará do que está cheio o coração. Talvez esse seja o motivo porque os demagogos não gostam de companhia, eles sabem que logo, logo serão conhecidos.
Nessa busca pelo próprio eu, cada um precisa conscientizar-se que será sempre o resultado do que se alimenta. Jesus advertiu, no versículo 35, que se alguém alimentar sua alma de porcarias, se frustrará quando precisar tirar do coração alguma coisa boa. Nessa busca de conhecer-se, é mister, repito, coerência. Para haver consistência entre a verdade do coração e as escolhas que são feitas é preciso algumas compreensões:
1. Deve-se dar tempo proporcional para os verdadeiros valores. Como se pode tirar do coração, da riqueza da alma, coisas boas se não há tempo para elas? Ninguém pode querer conhecer realidades espirituais se não estiver disposto a vivê-las.
2. Quando emergirem, isto é, vierem à tona, coisas feias e vergonhosas, nunca se deve tratá-las com leviandade.
3. É necessário tomar cuidado com o que se fala:
a) não sendo portador de más notícias.
b) Jamais espalhando o que for apenas uma suspeita.
c) Nunca fazendo qualquer comentário sobre uma pessoa se não estiver absolutamente certo que as motivações são legítimas.
d) Não compartilhando sobre problemas com gente sem maturidade para ouvir e trabalhar aquele problema.
e) Lembrando que as palavras frívolas não ficarão impunes. No que se refere a palavra falada, não adianta alegar que foi sem querer, porque Provérbios 6.16-19 lê-se: “Seis coisas o Senhor aborrece, e a sétima ele abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contenda entre os irmãos”.
4. Mantendo a consciência de que ninguém é exatamente o que pensa, ou o que outros imaginam, mas o que Deus sabe a seu respeito. – Se ele disser que sou parte de uma raça de víboras, não adianta, é isso o que sou. Portanto, gastarei minhas energias em ser o que Deus intenta que eu seja e não em representar.
5. Vivendo com a certeza de que há um dia que a Bíblia denomina de Dia do Juízo. No espiritismo não há esse dia, nem no budismo, nem no hinduismo, apenas no cristianismo. Isso significa que todos comparecerão diante do trono de Deus.
Qual o pensamento mais grave que um homem pode nutrir? Daniel Webster, o grande encilopedista americano, dizia: “O mais solene e grave pensamento é que há um dia de prestação de contas” Todas as virtudes começam pelo autoconhecimento. Assim, antes de proclamar amor a Deus, todos devem lembrar: “conhece-te a ti mesmo. Antes de defender o certo e recriminar o erro: “conhece-te a ti mesmo. Antes de querer amar o próximo: conhece-te a ti mesmo.
[1] Luft, Lya – Perdas & Ganhos – Lya Luft – Editora Record – 2004 – página 26
domingo, 10 de novembro de 2013
O PECADO DA CONIVÊNCIA
O PECADO DA CONIVÊNCIA
Vivemos na era chamada de pós moderna. Nosso cotidiano está marcado pelo afastamento constante de Deus e seus mandamentos, tendo como propulsor principal o mesmo ato que afastou o primeiro homem do jardim do Éden, o PECADO.
Além de menosprezarmos o próprio Senhor da Criação, e nos "divinizarmos", homens contemporâneos, em nossa tola arrogância, nos achamos no direito de dizer o que é certo e errado. Disto resulta a falta de parâmetros e referências morais, levando nosso mundo ao relativismo, construindo impérios de imoralidades e perversões, escondendo as vestes maculadas com capas de virtude e santidade, fabricando emoções de púlpito como sustentáculo de autoafirmação, escapando da sobriedade requerida em 1Pedro (1Pe_1:13-16).
Ministérios crescem desordenadamente em nossos dias, professando uma fé falha, fundamentadas sim nas escrituras, porém falhas, que ocultam e omitem a verdade. Alguns 50%, outros 20%, e no meu ponto de vista as mais nocivas são as que omitem 0,1%. Nocivas, pois omitem verdades que certamente passam despercebidas pela grande maioria, mas que podem arruinar completamente os planos de Deus, pois sabemos que um grão de fermento pode levedar toda a massa (Gl_5: 9).
Temos sido indulgentes, coniventes com situações e realidades que antes eram tidas como inaceitáveis. E por que isso ocorre? Isso ocorre porque a forma de pensar contemporânea exige que o homem seja tolerante com tudo e todos a sua volta, sacrificando até mesmo os princípios bíblicos absolutos do certo e errado. Em outras palavras: Estamos aos poucos nos conformando com este mundo!
Precisamos estar atentos, pois Deus não muda. Assim como Ele não aceitou e não deixou o pecado impune no principio (Gn_3: 11), por certo que Deus não aceita as condutas permissivistas humanas nos dias atuais.
Entendo que tal conivência nasce de nossa natureza pecaminosa, herdada de Adão, que o fez rejeitar o bem e aceitar o mal quando atinge a consciência. Contudo, Deus irá mostrar sua ira ao povo que insiste em desobedecer-Lhe. (Ap_6)
Se o pecado nasce dentro de cada indivíduo, cada indivíduo deve exteriorizar seus pecados, na forma de confissão, mediante a fé em Cristo Jesus, o qual convence e conduz ao arrependimento genuíno (Mc_1: 15).Não é por outro motivo que o escritor aos hebreus nos diz que "sem a santificação ninguém verá a Deus". O antídoto contra a conivência, o remédio contra a permissividade com o pecado, sem dúvida, é a santificação. Ou seja, uma vida de contínua e progressiva separação do pecado.
Outra verdade que precisa ser examinada é quanto ao AVIVAMENTO. Certamente a conivência com, e o próprio ato pecaminoso cria um obstáculo para nossos dias em que há a dispensação da graça. É preciso falar da necessidade de viver separado do pecado, pecado este que nada tem que ver com costumes, tradições ou hábitos, mas que é o cumprimento da Palavra de Deus.
A permissividade traz a fragilização da família, das igrejas e da sociedade como um todo e nós, que deveríamos ser luz do mundo e sal da terra, acabamos influenciados pelo mundo pecaminoso, não mais brilhando, e deixando que as trevas dominem, inclusive em nossas reuniões de adoração, bem como perdendo o sabor espiritual, tornando-se cada vez mais insípidos.
O pecado existente em cada indivíduo, portanto, numa velocidade espantosa, como um vírus, infecta toda a humanidade, gerando um quadro de corrupção generalizada. Aliás, o próprio Jesus nos adverte que os dias da sua vinda seriam semelhantes aos dias de Noé (Mt_24: 37; Lc_17: 36), dias que a Bíblia diz serem dias em que “… a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente…” (Gn_6: 5).
O pecado domina o homem e, por causa disto, toda a organização social acaba sendo uma organização que permite e estimula o pecado e a sua prática. Dominada pelo pecado, a sociedade onde estamos, denominada de “MUNDO” pelas Escrituras, sempre criará circunstâncias que favorecem a prática da iniquidade. Ao longo dos séculos, temos visto como as estruturas criadas pelos homens na sociedade sempre estimulam e incentivam a prática do pecado, mas, nos dias em que vivemos, isto chegou a um nível nunca antes imaginado.
Nestes últimos dias, há um verdadeiro ataque aos princípios da “MORAL CRISTÔ, ainda persistentes, sobretudo, no tratamento jurídico da família. Dissemina-se a prática do divórcio, ataca-se violentamente a instituição do casamento, com a legalização e aumento crescente das uniões sem casamento entre as pessoas, sem se falar na chamada “liberação sexual”, que deu guarida e conivência com todo o tipo de prática sexual condenada pelas Escrituras Sagradas e que foi até um dos significados que teve a palavra “permissividade”, com especial enfoque no homossexualismo.
Esta permissividade no campo da família atingiu a sociedade como um todo, até porque a formação das gerações futuras ficará completamente comprometida, ante a instabilidade surgida com a multiplicidade de casamentos, com as uniões informais e com o aumento da promiscuidade sexual, que levou, inclusive, à legalização da prática do aborto em muitos países, agora sendo pauta no congresso nacional.
A permissividade social é tanta que as igrejas são influenciadas pelo curso deste mundo (Ef_2: 2), até porque está no mundo, embora não sejamos do mundo (Jo_17: 11). Entretanto, a igreja é formada por salvos, que são luz do mundo e sal da terra (Mt_5: 13), devendo, pois, influenciar e não ser influenciad.
A conivência é, portanto, a tolerância com o pecado, a permissividade com o pecado, o consentimento em pecar. Mas, o Apóstolo Pedro é bem categórico ao afirmar que devemos ser santos em toda a nossa maneira de viver. Somente pelo perdão e purificação dos nossos pecados, mediante o sacrifício de Cristo Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo_1: 29), nós podemos nos apresentar diante de Deus, libertos do pecado que então nos dominava (Jo_8: 36). A purificação pelo sangue de Cristo, que é contínua, a partir da nossa salvação (I Jo_1: 7), justifica-nos e passamos a ter paz com Deus (Rm_5: 1). Por isso, passamos a ter vestidos de justiça (Ap_7: 14), vestes estas que devem ser mantidas brancas até o fim (Ap_3: 4,5).
REFERÊNCIAS
DANIEL, Silas. A Sedução das Novas Teologias. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio: o Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
KREEFT, Peter e TACELLI, Ronald K. Manual de Defesa da Fé: Apologética Cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2008.
MACARTHUR, John. A Guerra pela Verdade: lutando por certeza numa época de engano. São Paulo: Fiel, 2008.
RENOVATO, Elinaldo. Perigos da Pós-modernidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
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