sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

SER OU TER... EIS A QUESTÃO

Pegando carona na célebre frase de William Shakespeare (dramaturgo inglês 1564-1616), em uma de suas peças: “Ser ou não ser? Eis a questão!” Quero abordar com poucas palavras um assunto polêmico em nossos dias que é a Teologia da Prosperidade (cura). Importada dos Estados Unidos, e propagada no Brasil principalmente por grande parte das igrejas do movimento neo-pentecostal. Antes, quero frisar que Deus realmente cura e prospera, porque isto é bíblico, porém este não é o Seu objetivo principal, até porque a Bíblia coloca cura e prosperidade como conseqüências benéficas de um relacionamento íntimo com Deus, assim sendo, não há necessidade de se reivindicar nada. No entanto, a preocupação com esta Teologia surge porque muitos crentes têm alicerçado sua crença e seu relacionamento com Deus interessados naquilo que Ele pode proporcionar e não naquilo que Ele pode ser em suas vidas. Este ensino caiu como uma luva nas mãos de líderes sem escrúpulos, que aproveitam se do fato do Brasil ser um país com característica consumista, em que o supérfluo tem mais valor que o essencial, além das grandes distorções sociais, em que bolsões de riqueza e pobreza caminham lado a lado. Para este tipo de Teologia, o trecho bíblico de Mateus 6:33 já não é interessante, porque nele Jesus nos garante o sustento de nossas necessidades básicas, que são comer, vestir e morar. No livro Super-crentes, do Pr. Paulo Romeiro há um comentário do pastor Caio Fábio em que diz: "À medida que se parte para a ênfase do ter, perde-se o ser. Isso porque a fé cristã é baseada totalmente no ser.” Em Hebreus 11:1-40 afirma se a fé. Neste texto, até o versículo 34, relata se aqueles que foram (ser) e tiveram (possuir, conquistar), como Abraão, que foi e teve... No entanto, a partir do 35, relata-se aqueles que foram, mas não tiveram... Vejo irmãos adeptos a teologia da prosperidade afirmando a garantia do ter. Então, peço que leiam Hebreus 11, tentando mostrar-lhes que a fé profunda e genuína nem sempre é a fé que garante o ter, mas é sempre a fé que garante o ser. O mais interessante é que somente do versículo 35 em diante fala se dos homens dos quais o mundo não era digno. Com isto, não afirmo que não possamos ter. Ao contrário, o próprio texto de Hebreus mostra que é possível e bom “ser e ter”. No entanto, quando a busca do,“ter” é o alvo da vida, o ‘ser” se desvanece". Hendrik Hanegraaff também tece um comentário a respeito: “Muitos são atraídos para a mesa do Mestre não para ter comunhão e intimidade com Ele, mas para desfrutar do que está sobre ela". Charles R. Swindoll também comenta: "Falando de forma geral, há dois tipos de testes na vida: a adversidade e a prosperidade. Dos dois, o último é o mais difícil. Quando a adversidade chega, as coisas se tornam simples: o alvo é a sobrevivência. É o teste de manter o básico, como comida, roupa e moradia. Mas quando a prosperidade chega, cuidado! As coisas se complicam. Todos os tipos de tentações sutis chegam também, exigindo satisfação. É em tal circunstância que a integridade da pessoa é colocada à prova".E eu ainda acrescento: "Na prosperidade, os amigos nos procuram, mas na dificuldade, nós os procuramos (e muitas vezes não os encontramos)". Juntamente com o ensino da prosperidade, outros são agregados, pedindo satisfação da nossa fé,e nos enredando em caminhos perigosos. Nestes últimos tempos, tenho percebido líderes que, devido ás suas conquistas, muitas delas com mérito, se exaltam em discursos inflamados dizendo: “eu fiz, eu faço” e “eu fui, eu sou”, fazendo propaganda mais de si mesmo do que de Deus, e assim desconsiderando o valor da graça de Deus em suas vidas. Nestes discursos, enfatizam-se mais o que eles fazem para Deus, do que aquilo que Deus fez e faz por nós. A propósito, ninguém pode ser bom e fazer o bem, a não ser que a graça de Deus o torne primeiro bom; e ninguém se torna bom por meio das obras, mas as boas obras são feitas por aquele que é bom. Assim também os frutos não fazem a árvore, mas a árvore produz os frutos... Portanto, todas as obras, não importam quão boas e quão belas sejam, serão vãs se não tiverem origem na graça.