sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A difícil arte de conhecer-se.

“Considerem: Uma árvore boa dá fruto bom, e uma árvore ruim dá fruto ruim, pois uma árvore é conhecida por seu fruto. Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois a boca fala do eu está cheio o coração. O homem bom tira coisas boas, e o homem mau do seu mau tesouro tira coisas más. Mas eu lhes digo, que no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado. Pois por suas palavras vocês serão absolvidos, e por suas palavras serão condenados.” Mateus 12.33-37. Quem sou eu? Essa parece ser uma pergunta simples, mas dificílima de ser respondida. Como saber exatamente o que somos? Nisto constituiu-se a mais nobre tarefa dos filósofos gregos: “Conhece-te a ti mesmo”, era a máxima que orientava todo o pensamento helênico. Como discernir corretamente porque fazemos o que fazemos, porque agimos como agimos, porque somos assim do jeito que somos? A sabedoria bíblica também considera que conhecer-se a si mesmo é mais nobre, e mais difícil, que se tornar um referencial de uma geração. Salomão listou alguns adágios de seus dias, para mostrar a importância do conhecimento próprio: Melhor é o longânimo do que o herói da guerra, e o que domina o seu espírito do que o que toma uma cidade. Prov. 16.32. O texto que o sábio Eclesiastes referiu-se contém uma profundidade impressionante, porque mostra a sabedoria como uma força importante: “Também vi debaixo do sol este exemplo de sabedoria que muito me impressionou: Havia uma pequena cidade, de poucos habitantes. Um rei poderoso veio contra ela, cercou-a com muitos dispositivos de guerra. Ora, naquela cidade vivia um homem pobre, mas sábio, e com sua sabedoria ele salvou a cidade. No entanto, ninguém se lembrou mais daquele pobre. Por isso pensei: Embora a sabedoria seja melhor do que a força, a sabedoria do pobre é desprezada, e logo suas palavras esquecidas. As palavras dos sábios, devem ser ouvidas com mais atenção do que os gritos de quem domina tolos. A sabedoria é melhor do eu as armas de guerra.. “ Eclesiastes 9.13-18. A verdadeira sabedoria começa com o conhecimento próprio. Considerando que estejam corretos Provérbios 27.19: “Como na água o rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem ao homem.” Provérbios. 23.7: “Porque assim como imagina na sua alma, assim ele é”. Pode-se afirmar que cada um é o produto integral de todos os fatores que compõem sua existência. Lya Luft declarou que: “A infância é o chão sobre o qual caminharemos o resto de nossos dias. Se for esburacado demais vamos tropeçar mais, cair com mais facilidade e quebrar a cara… Por isso precisei abrir em mim um espaço onde abrigar as coisas positivas, e desejei que fosse maior do que o local onde inevitavelmente eu armazenaria as ruins”.[1] Somos o produto do DNA que herdamos dos nossos pais; das alegrias e traumas de nossa infância; dos amigos que conhecemos; dos lugares que freqüentamos, dos traumas que sofremos, das alegrias que provamos; enfim, das experiências que se somaram na trajetória de nossa vida. Entretanto, mesmo com esse conhecimento, parece que ainda perdura a sede de saber quem somos de verdade. Jesus abordou essa questão, quando precisou confrontar a elite religiosa de seus dias. Os fariseus, aliados a casa sacerdotal de Caifás, tentavam rotulá-lo de herege da pior espécie. Chegaram a sugerir que ele estivesse aliado a um deus medonho, sujo e asqueroso: Belzebu. Nesse clima, ele ensinou como alguém podia conhecer sua própria realidade. Primeiramente ele afirma no versículo 33 que somos o que geramos; nossa identidade é firmada naquilo que produzimos ou no que deixamos como legado. Por onde passo, vou semeando um pouco do que sou. Em segundo lugar, ele mostra, no versículo 34, que a integridade de cada pessoa é definida por sua coerência entre o que é e o que aparenta ser. Hipocrisia é conviver pacificamente com o contra-senso de ser mau e dizer coisas boas. Reputação é o que cada pessoa se mostra diante do próximo, caráter é o que se mostra diante do olhar onisciente de Deus. Portanto, pode-se definir honestidade como a coerência entre a vida vivida e as afirmações propagandeadas. Também, define-se integridade como o preço pago para se viver com coerência. Integridade que não requer um custo, tem virtude. Só é íntegro quem for capaz de oferecer: perdão ao inimigo; tolerância ao opositor; solidariedade ao amigo; exemplo ao filho; reverência ao pai; respeito a si mesmo; e sua totalidade a Deus. Jesus ainda ensinou, na última parte do versículo 34, que a realidade de cada um sempre se impõe e que não adianta querer viver dissimuladamente. A qualquer momento, quando se está desapercebido o que cada pessoa é sobe à tona. Atos falhos acabarão denunciando. A boca falará do que está cheio o coração. Talvez esse seja o motivo porque os demagogos não gostam de companhia, eles sabem que logo, logo serão conhecidos. Nessa busca pelo próprio eu, cada um precisa conscientizar-se que será sempre o resultado do que se alimenta. Jesus advertiu, no versículo 35, que se alguém alimentar sua alma de porcarias, se frustrará quando precisar tirar do coração alguma coisa boa. Nessa busca de conhecer-se, é mister, repito, coerência. Para haver consistência entre a verdade do coração e as escolhas que são feitas é preciso algumas compreensões: 1. Deve-se dar tempo proporcional para os verdadeiros valores. Como se pode tirar do coração, da riqueza da alma, coisas boas se não há tempo para elas? Ninguém pode querer conhecer realidades espirituais se não estiver disposto a vivê-las. 2. Quando emergirem, isto é, vierem à tona, coisas feias e vergonhosas, nunca se deve tratá-las com leviandade. 3. É necessário tomar cuidado com o que se fala: a) não sendo portador de más notícias. b) Jamais espalhando o que for apenas uma suspeita. c) Nunca fazendo qualquer comentário sobre uma pessoa se não estiver absolutamente certo que as motivações são legítimas. d) Não compartilhando sobre problemas com gente sem maturidade para ouvir e trabalhar aquele problema. e) Lembrando que as palavras frívolas não ficarão impunes. No que se refere a palavra falada, não adianta alegar que foi sem querer, porque Provérbios 6.16-19 lê-se: “Seis coisas o Senhor aborrece, e a sétima ele abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contenda entre os irmãos”. 4. Mantendo a consciência de que ninguém é exatamente o que pensa, ou o que outros imaginam, mas o que Deus sabe a seu respeito. – Se ele disser que sou parte de uma raça de víboras, não adianta, é isso o que sou. Portanto, gastarei minhas energias em ser o que Deus intenta que eu seja e não em representar. 5. Vivendo com a certeza de que há um dia que a Bíblia denomina de Dia do Juízo. No espiritismo não há esse dia, nem no budismo, nem no hinduismo, apenas no cristianismo. Isso significa que todos comparecerão diante do trono de Deus. Qual o pensamento mais grave que um homem pode nutrir? Daniel Webster, o grande encilopedista americano, dizia: “O mais solene e grave pensamento é que há um dia de prestação de contas” Todas as virtudes começam pelo autoconhecimento. Assim, antes de proclamar amor a Deus, todos devem lembrar: “conhece-te a ti mesmo. Antes de defender o certo e recriminar o erro: “conhece-te a ti mesmo. Antes de querer amar o próximo: conhece-te a ti mesmo. [1] Luft, Lya – Perdas & Ganhos – Lya Luft – Editora Record – 2004 – página 26

domingo, 10 de novembro de 2013

O PECADO DA CONIVÊNCIA

O PECADO DA CONIVÊNCIA Vivemos na era chamada de pós moderna. Nosso cotidiano está marcado pelo afastamento constante de Deus e seus mandamentos, tendo como propulsor principal o mesmo ato que afastou o primeiro homem do jardim do Éden, o PECADO. Além de menosprezarmos o próprio Senhor da Criação, e nos "divinizarmos", homens contemporâneos, em nossa tola arrogância, nos achamos no direito de dizer o que é certo e errado. Disto resulta a falta de parâmetros e referências morais, levando nosso mundo ao relativismo, construindo impérios de imoralidades e perversões, escondendo as vestes maculadas com capas de virtude e santidade, fabricando emoções de púlpito como sustentáculo de autoafirmação, escapando da sobriedade requerida em 1Pedro (1Pe_1:13-16). Ministérios crescem desordenadamente em nossos dias, professando uma fé falha, fundamentadas sim nas escrituras, porém falhas, que ocultam e omitem a verdade. Alguns 50%, outros 20%, e no meu ponto de vista as mais nocivas são as que omitem 0,1%. Nocivas, pois omitem verdades que certamente passam despercebidas pela grande maioria, mas que podem arruinar completamente os planos de Deus, pois sabemos que um grão de fermento pode levedar toda a massa (Gl_5: 9). Temos sido indulgentes, coniventes com situações e realidades que antes eram tidas como inaceitáveis. E por que isso ocorre? Isso ocorre porque a forma de pensar contemporânea exige que o homem seja tolerante com tudo e todos a sua volta, sacrificando até mesmo os princípios bíblicos absolutos do certo e errado. Em outras palavras: Estamos aos poucos nos conformando com este mundo! Precisamos estar atentos, pois Deus não muda. Assim como Ele não aceitou e não deixou o pecado impune no principio (Gn_3: 11), por certo que Deus não aceita as condutas permissivistas humanas nos dias atuais. Entendo que tal conivência nasce de nossa natureza pecaminosa, herdada de Adão, que o fez rejeitar o bem e aceitar o mal quando atinge a consciência. Contudo, Deus irá mostrar sua ira ao povo que insiste em desobedecer-Lhe. (Ap_6) Se o pecado nasce dentro de cada indivíduo, cada indivíduo deve exteriorizar seus pecados, na forma de confissão, mediante a fé em Cristo Jesus, o qual convence e conduz ao arrependimento genuíno (Mc_1: 15).Não é por outro motivo que o escritor aos hebreus nos diz que "sem a santificação ninguém verá a Deus". O antídoto contra a conivência, o remédio contra a permissividade com o pecado, sem dúvida, é a santificação. Ou seja, uma vida de contínua e progressiva separação do pecado. Outra verdade que precisa ser examinada é quanto ao AVIVAMENTO. Certamente a conivência com, e o próprio ato pecaminoso cria um obstáculo para nossos dias em que há a dispensação da graça. É preciso falar da necessidade de viver separado do pecado, pecado este que nada tem que ver com costumes, tradições ou hábitos, mas que é o cumprimento da Palavra de Deus. A permissividade traz a fragilização da família, das igrejas e da sociedade como um todo e nós, que deveríamos ser luz do mundo e sal da terra, acabamos influenciados pelo mundo pecaminoso, não mais brilhando, e deixando que as trevas dominem, inclusive em nossas reuniões de adoração, bem como perdendo o sabor espiritual, tornando-se cada vez mais insípidos. O pecado existente em cada indivíduo, portanto, numa velocidade espantosa, como um vírus, infecta toda a humanidade, gerando um quadro de corrupção generalizada. Aliás, o próprio Jesus nos adverte que os dias da sua vinda seriam semelhantes aos dias de Noé (Mt_24: 37; Lc_17: 36), dias que a Bíblia diz serem dias em que “… a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente…” (Gn_6: 5). O pecado domina o homem e, por causa disto, toda a organização social acaba sendo uma organização que permite e estimula o pecado e a sua prática. Dominada pelo pecado, a sociedade onde estamos, denominada de “MUNDO” pelas Escrituras, sempre criará circunstâncias que favorecem a prática da iniquidade. Ao longo dos séculos, temos visto como as estruturas criadas pelos homens na sociedade sempre estimulam e incentivam a prática do pecado, mas, nos dias em que vivemos, isto chegou a um nível nunca antes imaginado. Nestes últimos dias, há um verdadeiro ataque aos princípios da “MORAL CRISTÔ, ainda persistentes, sobretudo, no tratamento jurídico da família. Dissemina-se a prática do divórcio, ataca-se violentamente a instituição do casamento, com a legalização e aumento crescente das uniões sem casamento entre as pessoas, sem se falar na chamada “liberação sexual”, que deu guarida e conivência com todo o tipo de prática sexual condenada pelas Escrituras Sagradas e que foi até um dos significados que teve a palavra “permissividade”, com especial enfoque no homossexualismo. Esta permissividade no campo da família atingiu a sociedade como um todo, até porque a formação das gerações futuras ficará completamente comprometida, ante a instabilidade surgida com a multiplicidade de casamentos, com as uniões informais e com o aumento da promiscuidade sexual, que levou, inclusive, à legalização da prática do aborto em muitos países, agora sendo pauta no congresso nacional. A permissividade social é tanta que as igrejas são influenciadas pelo curso deste mundo (Ef_2: 2), até porque está no mundo, embora não sejamos do mundo (Jo_17: 11). Entretanto, a igreja é formada por salvos, que são luz do mundo e sal da terra (Mt_5: 13), devendo, pois, influenciar e não ser influenciad. A conivência é, portanto, a tolerância com o pecado, a permissividade com o pecado, o consentimento em pecar. Mas, o Apóstolo Pedro é bem categórico ao afirmar que devemos ser santos em toda a nossa maneira de viver. Somente pelo perdão e purificação dos nossos pecados, mediante o sacrifício de Cristo Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo_1: 29), nós podemos nos apresentar diante de Deus, libertos do pecado que então nos dominava (Jo_8: 36). A purificação pelo sangue de Cristo, que é contínua, a partir da nossa salvação (I Jo_1: 7), justifica-nos e passamos a ter paz com Deus (Rm_5: 1). Por isso, passamos a ter vestidos de justiça (Ap_7: 14), vestes estas que devem ser mantidas brancas até o fim (Ap_3: 4,5). REFERÊNCIAS DANIEL, Silas. A Sedução das Novas Teologias. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio: o Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. KREEFT, Peter e TACELLI, Ronald K. Manual de Defesa da Fé: Apologética Cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2008. MACARTHUR, John. A Guerra pela Verdade: lutando por certeza numa época de engano. São Paulo: Fiel, 2008. RENOVATO, Elinaldo. Perigos da Pós-modernidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

sábado, 3 de agosto de 2013

É hora de largar o saleiro e ser o sal

"Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido com que se há de salgar? Para nada mais serve, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens" Mateus 5:13. Interessante perceber o quanto Jesus fez uso de metáforas para ser melhor compreendido por seus ouvintes. Como palavras tão simples, soam tão profundas? Elas penetram na alma como espada de dois gumes, Hebreus 4:12; "Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e as intenções do coração." E assim, com simplicidade e poder o que está escrito permanece para todo o sempre, revirando o interior do homem, provocando transformações. E quem quiser ser discipulo, deve largar o saleiro e ser ele mesmo o sal. Porque sem transformar a si mesmo, não há como transformar o mundo. É fácil relacionarmos a fala de Jesus sobre sal e discipulo, considerando que comida sem sal é insossa, sem gosto e discipulos de Jesus devem ser notados como pessoas que fazem diferença, "salgam" os ambientes. Simples. Mas dessa parábola, podemos extrair "outros saborosos pratos" que nos servirão de alimento . Assim, prossigamos a mergulhar nos aceanos da graça Divina em busca de sal para temperar nosso espírito. O sal Está presente em quase todo o planeta: oceanos, nascentes, subterrâneos, vegetação. Temos sal em todos os líquidos orgânicos: lágrimas,saliva, urina e no sangue, cujo teor é de 6,5 g de cloreto de sódio por litro. Respeitados os limites aconselhados pela profilaxia médica, o sal é-nos, assim, absolutamente indispensável, a nós e aos animais, em cujas rações também se inclui o sal. Além de cair bem ao nosso paladar, o sal é uma necessidade vital. Sem sódio, o organismo seria incapaz de transportar nutrientes ou oxigênio, transmitir impulsos nervosos ou mover músculos – inclusive o coração. Sal, salada, salário De tão essencial, o direito ao sal chegou a ser garantido pelo Estado. Os romanos, apesar de não manterem monopólio sobre o sal, subsidiavam seu preço para garantir que os plebeus tivessem acesso a ele. “Sal para todos” era um lema romano. Foi nessa época que surgiu a palavra “salada”, pois havia o costume de salgar os vegetais para amenizar o amargor de alguns deles. A ausência do saleiro numa mesa romana era um sinal de inimizade. Da mesma forma que deveria estar disponível para o cidadão comum, o sal era imprescindível para os legionários que conquistavam e mantinham o gigantesco império. Tanto que os soldados chegavam a ser pagos em sal, de onde vêm as palavras “salário”, “soldo” (pagamento em sal) e “soldado” (aquele que recebeu o pagamento em sal). Na Bíblia 2 Crônica 13:5 - Porventura não vos convém saber que o Senhor Deus de Israel deu para sempre a Davi a soberania sobre Israel, a ele e a seus filhos, por uma aliança de sal? Levítico 2:13 - E todas as tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas oferecerás sal. Marcos 9:49 – Porque cada um será salgado com fogo, e cada sacrifício será salgado com sal. (No juízo final). Gêneses 19:26 E a mulher de Ló olhou para trás e ficou convertida numa estátua de sal”. Gêneses 19:26 E o sal nosso de cada dia Antigamente pela dificuldade de acesso e extração, o sal chegou a ter seu valor de mercado equiparado ao ouro. Acordos de guerra e paz foram selados à base dessa mercadoria. Indía e Inglaterra que o digam. O sal continua tendo muito valor, pois planeta sem sal equivale a planeta sem mar, mar sem àgua (?). Sal é vida, mas em sua quantidade ideal, perfeita como bem dosada por Deus. Nem em excesso, nem em falta. Coloquemos sal demais em qualquer alimento que o sabor se corrompe, amarga, estraga. E sem sal, sequer percebemos o sabor. Se o sal for insípido, disse Jesus, só servirá para ser pisado pelos homens. Parece uma contradição essa frase, como pode sal ser insípido? Pode, se o sal perder suas propriedades naturais, isso acontece quando a ele são adicionadas outras substâncias. Sal, serviu de salário, de remédio, de aliança. Serviu de parábola dita pelos lábios de Jesus para nos advertir sobre os males advindos da contaminação do mundo. Desde criança, sempre ouvi falar no poder curador do sal. Minha avô receitava banho de mar para sarar feridas. e essa função é comprovada pela medicina, uma simples receita de soro caseiro, contendo sal e açucar salva muitas vidas. Baseado no fato de que trabalhadores de minas de sal, têm maior resistência respiratória, foram desenvolvidos tratamentos à base de sal nessa área. Isso também nos diz sobre ser discipulo sal, aquele que cura vidas ao propagar a Palavra de Deus, o Evangelho de forma simples e genuína. Significa que algumas vezes, as feridas vão arder, vão sangrar mais, para deixarem de sangrar um dia. Ser sal da terra é conhecer os limites fronteiriços entre terra e água, é saber que é necessário "peneirar, filtrar, decantar" muitas coisas que podem deteriorar a essência. Assim como salário vem de sal, e trabalhador tem direito a justo salário, pode-se dizer que ser sal é praticar justiça e a Justiça, é Cristo (Rm 1:17). Paradoxo do sal Se sal é vida, cura, revelador de essências, também pode ser motivo de perdas e doenças. A falta e o excesso geram distúrbios. Discípulo de Jesus deve ser esse a andar pelo centro do caminho, de forma prudente e equilibrada, tal como foi advertido em certo tempo a Josué: "Não se desvie nem para direita, nem para esquerda" Josuè 1:7. Nem sal de mais, nem de menos. O mar que tem excesso de salinidade, chama-se Mar morto, dez vezes mais sal que os demais, por essa causa é impossível que haja vida em suas águas: nem peixes, nem plantas. O mar com escasses de sal, chama-se Báltico e fica na Alemanha, as descargas de água "doce" que recebe, causa uma diluição da água salgada e a temperatura da água, bem como suas condições adversas, proporcionam maior nível de poluição e o Báltico sofre com isso. Hipertensão é o que causa o excesso de sal no organismo. Já a falta de sal, ou sódio, no corpo humano, pode gerar Hiponatremia. O equilibrio dos níveis de sal é saúde. Da mesma forma, o equilibrio da quantidade de sal no planeta gera preservação, além disso vai e vem destruição. O sal que salga, na medida... E nos perguntamos: como saber a medida certa do sal, como ser o sal da terra sem falta ou excesso? Vejamos como funciona o processo de extração do sal: colheita da água do mar, concentração das águas, cristalização, retirada do sal e beneficiamento: Lucas 14: 34,35 " é o sal; mas, se o sal degenerar, com que se há de salgar? Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça." Se o sal fica parado em seu habitat natural ele preserva o meio mas não se torna próprio para o consumo. O sal da terra necessita ser beneficiado. Ser discipulo de Jesus, ser sal na medida certa, é esse que se cristaliza no processo de beneficiamento. Caso contrário, somente servirá para ser pisado. Discipulo sal da terra, sem excesso ou faltas é aquele que retirado da água (do batismo), da terra ( conversão), se cristaliza (purificação) para dar sabor a si mesmo e ao mundo. A medida certa é Cristo em nós porque ninguém é justo e bom, a não ser pela justiça de Cristo em si mesmo.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

ABURGUESAMENTO DA FÉ

Segundo alguns sociólogos e pensadores modernos, um dos fenômenos que surgiu após a segunda guerra mundial, foi o “aburguesamento dos despossuídos”, caracterizado pela substituição do “ser” pelo “ter”. Estabelecendo assim, como tendência cultural o endeusamento do mercado de consumo, onde a ideia era disponibilizar o poder de consumo para as pessoas, enquanto que, cada vez mais a capacidade de se humanizar, contemplar e aprofundar-se na existência tornar-se-ia pífia e ínfima. Uma vez que, todo homem é um ser cultural, quase sempre, de maneira normativa a vida passa pela concepção da cultura em desenvolvimento no tempo e espaço. É o chamado “movimento das massas”, que diretamente é afetada pelos meios formatadores de valores e significados relacionados à vida em sociedade. São inúmeras as provas de que a percepção, significado, e motivação de um povo (incluindo a igreja) são afetadas e influenciadas na maioria das vezes diretamente pelo momento histórico. Por exemplo, a reforma protestante em síntese foi uma resposta ao sincretismo religioso, alienação, e abusos cometidos pela igreja católica durante quinze séculos. Observe ainda que, no período da segunda guerra mundial as pregações de natureza escatológica tiveram um aumento significativo, ao mesmo tempo em que, o desenvolvimento da teologia da libertação na América Latina, aconteceu em decorrência a corrupção, desigualdade e injustiças sociais. É incrível como o cenário sociocultural pode alterar motivações, interesses e até mesmo a mensagem anunciada por algumas comunidades cristãs. De modo que, dentro do contexto religioso no Brasil, o protestantismo iniciou-se como um fenômeno missionário que objetivava o anúncio puro e simples do evangelho de Cristo Jesus. A realidade socioeconômica do Brasil no inicio do século 20 era ainda mais precária e subdesenvolvida, enquanto que, a mensagem da igreja era fundamentada na urgência da salvação e da esperança eterna com Cristo. A manutenção da visão missionária, como também da pregação pura e simples do evangelho permaneceu latente no coração da igreja brasileira provavelmente até o inicio da década de 80, quando teve inicio o movimento neopentecostal, exatamente no período em que, terminava a ditadura militar, e o Brasil começava a respirar novos ares da democracia. É no mínimo interessante observar que, no mesmo berço sociopolítico que abriu as fronteiras do mercado, para a entrada de mais capital e consumo, nasceu também o movimento religioso que afrouxaria os marcos doutrinários que sempre pautaram a vida da igreja. A convergência de fenômenos como: o estimulo ao capital e consumo, a abertura e flexibilização da mídia, aumento do poder de compra, e o desejo coletivo em consumir, proporcionaram o cenário ideal para o crescimento da teologia da prosperidade no Brasil. Sem que muitos percebessem a relativização de doutrinas bíblicas foram acontecendo, onde a vida espiritual para muitos evangélicos não estaria mais atrelada a piedade, santidade, amor e obediência a palavra de Deus, mas antes, ao poder de consumo, acumulo, e ostentação social. Aos poucos o culto centralizado em Cristo, foi sendo substituído pelo culto a personalidade humana, onde o centro seria o homem com suas demandas, urgências, mimos, e idiossincrasias de fieis alienados do evangelho, mas plugados na prosperidade material. Na sutileza do tempo, lideranças que prontamente se posicionaram contra o movimento da teologia do consumo, foram sendo vencidos pela ideologia daquilo que “dá certo” e não mais no principio bíblico do que “é certo”. De modo que, recentemente, estamos presenciando inúmeras comunidades cristãs se prostrando diante do altar da teologia da prosperidade, substituindo os cultos de oração, por culto da vitoria financeira, os encontros de ensino da palavra, por campanhas do consumo. Infelizmente, o “aburguesamento da fé” é uma realidade pós-moderna, e pode ser percebido nas compulsões de inúmeros evangélicos que substituíram a missão de anunciar o evangelho de Cristo, para conquistar em nome da “fé” coisas temporais e superficiais. Deste modo, outra vez, a história se repete, porém agora no contexto religioso, onde o aburguesamento acontece no campo do materialismo em nome da “fé”, ao mesmo tempo em que, o empobrecimento espiritual é notório através de vidas que afirmam ser discípulos de Cristo, mas que, revelam na praticidade da vida a superficialidade em relação ao conhecimento e submissão a vontade divina revelada pelas escrituras sagradas. Sendo assim, diante desta sórdida constatação, permanece inalterada uma das mais belas e significativas expressões bíblica que afirma: “E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo,” (Filipenses 3.8)

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Policarpo – Um Pai da Igreja Cristã

Policarpo é uma figura célebre na história do Cristianismo. Um aluno direto do apóstolo João, Policarpo viveu entre 70 e 155 DC, ligando-o a ambos os apóstolos bíblicos e à era dos pais da igreja primitiva. Várias fontes antigas documentam as contribuições de Policarpo ao Cristianismo, incluindo suas cartas escritas para a igreja em Filipos, nas quais ele incentiva os membros a permanecerem firmes na sua fé e a fugirem do materialismo. Ele também instrui os membros quanto ao tratamento adequado de desonestidade financeira que estava se infiltrando na igreja. Policarpo serviu como bispo da igreja em Esmirna (moderna Izmir), e foi reconhecido como um dos primeiros combatentes das heresias Cristãs. Ele rejeitou os ensinamentos de Marcião, um herege influente que tentou criar um "novo" Cristianismo através da redefinição de Deus e da rejeição dos ensinamentos do Antigo Testamento. Em sua tese bastante conhecida, Policarpo combate heresias gnósticas que estavam começando a se espalhar por toda a igreja Cristã. Policarpo - Um Mártir pela Verdade A maior contribuição de Policarpo ao Cristianismo talvez tenha sido a sua morte como mártir. Seu martírio se destaca como um dos eventos mais bem documentados da Antiguidade. Os imperadores de Roma tinham desencadeado ataques cruéis contra os Cristãos durante este período, e os membros da igreja primitiva registraram muitas das perseguições e mortes. Policarpo foi preso sob a acusação de ser um Cristão - um membro de uma seita politicamente perigosa, cujo crescimento rápido precisava ser interrompido. Em meio a uma multidão enfurecida, o procônsul romano teve pena de um homem tão velho e gentil e insistiu que Policarpo clamasse: "César é Senhor". Se apenas Policarpo fizesse esta declaração e oferecesse uma pitada de incenso à estátua de César, ele escaparia da tortura e da morte. A esta proposta Policarpo respondeu: "Por oitenta e seis anos tenho servido a Cristo, e Ele nunca me fez nada de errado. Como posso blasfemar contra meu Rei que me salvou?" Firme em sua posição por Cristo, Policarpo se recusou a comprometer suas crenças e, portanto, foi queimado vivo na fogueira. Policarpo - Um Testemunho Relevante às nossas Vidas O martírio de Policarpo é uma realidade histórica. Ele morreu por um motivo - sua fé inabalável no Senhor Jesus Cristo. No entanto, a morte bem documentada de Policarpo é apenas uma das muitas vidas que foram dadas para revelar e proclamar a verdade de Jesus Cristo. À luz das mortes cruéis e tortuosas dos Cristãos da primeira e segunda gerações, todas as teorias de que o Cristianismo seja apenas um mito fabricado, criado para o ganho pessoal de seus seguidores, devem ser rejeitadas. Ainda hoje, muitos estão dispostos a morrer por uma crença, mas ninguém vai morrer por uma mentira. Deus permite que seus santos morram, não porque Ele seja um senhor impotente ou indiferente, mas porque suas mortes são declarações poderosas do dom gratuito da vida que nos é oferecida através da Pessoa de Jesus Cristo. Se você tiver alguma dúvida sobre a verdade de Cristo como revelada na Bíblia, reexamine o texto bíblico à luz da morte intencional de quase todos os seus escritores, homens que foram testemunhas oculares da vida e ministério de Cristo. Policarpo, como muitos outros Cristãos até hoje, só foi capaz de morrer por Cristo porque ele viveu para Cristo. Sua vida foi radicalmente transformada pela obra do Espírito Santo - os desejos, preocupações, dores e medos deste mundo já não mais restringiam-no. A vida e morte de Policarpo constituem um exemplo inspirador para todos os Cristãos. Ele deu a sua vida terrena por Cristo e, no meio do seu sacrifício, ganhou a vida eterna.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

SER OU TER... EIS A QUESTÃO

Pegando carona na célebre frase de William Shakespeare (dramaturgo inglês 1564-1616), em uma de suas peças: “Ser ou não ser? Eis a questão!” Quero abordar com poucas palavras um assunto polêmico em nossos dias que é a Teologia da Prosperidade (cura). Importada dos Estados Unidos, e propagada no Brasil principalmente por grande parte das igrejas do movimento neo-pentecostal. Antes, quero frisar que Deus realmente cura e prospera, porque isto é bíblico, porém este não é o Seu objetivo principal, até porque a Bíblia coloca cura e prosperidade como conseqüências benéficas de um relacionamento íntimo com Deus, assim sendo, não há necessidade de se reivindicar nada. No entanto, a preocupação com esta Teologia surge porque muitos crentes têm alicerçado sua crença e seu relacionamento com Deus interessados naquilo que Ele pode proporcionar e não naquilo que Ele pode ser em suas vidas. Este ensino caiu como uma luva nas mãos de líderes sem escrúpulos, que aproveitam se do fato do Brasil ser um país com característica consumista, em que o supérfluo tem mais valor que o essencial, além das grandes distorções sociais, em que bolsões de riqueza e pobreza caminham lado a lado. Para este tipo de Teologia, o trecho bíblico de Mateus 6:33 já não é interessante, porque nele Jesus nos garante o sustento de nossas necessidades básicas, que são comer, vestir e morar. No livro Super-crentes, do Pr. Paulo Romeiro há um comentário do pastor Caio Fábio em que diz: "À medida que se parte para a ênfase do ter, perde-se o ser. Isso porque a fé cristã é baseada totalmente no ser.” Em Hebreus 11:1-40 afirma se a fé. Neste texto, até o versículo 34, relata se aqueles que foram (ser) e tiveram (possuir, conquistar), como Abraão, que foi e teve... No entanto, a partir do 35, relata-se aqueles que foram, mas não tiveram... Vejo irmãos adeptos a teologia da prosperidade afirmando a garantia do ter. Então, peço que leiam Hebreus 11, tentando mostrar-lhes que a fé profunda e genuína nem sempre é a fé que garante o ter, mas é sempre a fé que garante o ser. O mais interessante é que somente do versículo 35 em diante fala se dos homens dos quais o mundo não era digno. Com isto, não afirmo que não possamos ter. Ao contrário, o próprio texto de Hebreus mostra que é possível e bom “ser e ter”. No entanto, quando a busca do,“ter” é o alvo da vida, o ‘ser” se desvanece". Hendrik Hanegraaff também tece um comentário a respeito: “Muitos são atraídos para a mesa do Mestre não para ter comunhão e intimidade com Ele, mas para desfrutar do que está sobre ela". Charles R. Swindoll também comenta: "Falando de forma geral, há dois tipos de testes na vida: a adversidade e a prosperidade. Dos dois, o último é o mais difícil. Quando a adversidade chega, as coisas se tornam simples: o alvo é a sobrevivência. É o teste de manter o básico, como comida, roupa e moradia. Mas quando a prosperidade chega, cuidado! As coisas se complicam. Todos os tipos de tentações sutis chegam também, exigindo satisfação. É em tal circunstância que a integridade da pessoa é colocada à prova".E eu ainda acrescento: "Na prosperidade, os amigos nos procuram, mas na dificuldade, nós os procuramos (e muitas vezes não os encontramos)". Juntamente com o ensino da prosperidade, outros são agregados, pedindo satisfação da nossa fé,e nos enredando em caminhos perigosos. Nestes últimos tempos, tenho percebido líderes que, devido ás suas conquistas, muitas delas com mérito, se exaltam em discursos inflamados dizendo: “eu fiz, eu faço” e “eu fui, eu sou”, fazendo propaganda mais de si mesmo do que de Deus, e assim desconsiderando o valor da graça de Deus em suas vidas. Nestes discursos, enfatizam-se mais o que eles fazem para Deus, do que aquilo que Deus fez e faz por nós. A propósito, ninguém pode ser bom e fazer o bem, a não ser que a graça de Deus o torne primeiro bom; e ninguém se torna bom por meio das obras, mas as boas obras são feitas por aquele que é bom. Assim também os frutos não fazem a árvore, mas a árvore produz os frutos... Portanto, todas as obras, não importam quão boas e quão belas sejam, serão vãs se não tiverem origem na graça.